Lya Luft

"O silêncio nos assusta por retumbar no vazio dentro de nós. Quando nada se move nem faz barulho, notamos as frestas pelas quais nos espiam coisas incômodas e mal resolvidas, ou se enxerga outro ângulo de nós mesmos. [...] Silêncio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo à tona sabe Deus que desconserto nosso. Com medo de ver quem – ou o que – somos, adia-se o defrontamento com nossa alma sem máscaras."(Lya Luft. In: Pensar é Transgredir.)

“Amadurecer foi retirar os rostos e as peles e começar a ver no espelho o verdadeiro eu onde se le uma severa contabilidade dos gastos e dos lucros, saldos nem sempre tranquilizadores. Quanto de amargura, quanto de amor sobrou, quanta capacidade de se renovar? Entender que não precisamos ser onipotentes é uma das maiores libertações. Ninguém pode ser totalmente responsabilizado pela sorte de ninguém, por seus erros e acertos, por sua solidão ou felicidade - a não ser na medida justa, em que se é responsável por quem se ama, dentro dos limites de cada um. Na maturidade percebe-se que não importa tanto o que fizeram conosco, mas o que fizemos com o que eventualmente nos aconteceu. É uma indagação dramática, que na juventude parece algo a resolver num futuro muito remoto. Mas "de repente, tinham se passado vinte anos. E nós, e nós? Precisamos descobrir que amadurecer não significa desistir nem estagnar.”

"Não sou, nem devo ser a MULHER-MARAVILHA, apenas uma pessoa vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa... uma mulher.”

“Viver, como talvez morrer é recriar-se: a vida não esta aí apenas para ser suportada, nem vivida, mas elaborada.Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes ousada.”

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Renuncio às palavras e às explicações. Ando pelos contornos, onde todos os significados são sutis, são mortais. Não quero perder o momento belo. Quero vivê-lo mais, com a intensidade que exige a vida: desgarramento e fulguração. Então me corto ao meio e me solto de mim: a que se prende e a que voa, a que vive e a que se inventa. Duplo coração: a que se contempla e a que nunca se entende, a que viaja sem saber se chega - mas não desiste jamais." (Lya Luft - do livro: Para Não Dizer Adeus)

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Não é preciso morar na esquina nem ser jovem ou belo: o amor melhor é sempre dentro e perto. Chega inesperado, vem forte vem doce, acalma e desatina. Se está na minha rua ou vem de fora, ele ignora o tempo e a idade: o amor é sempre agora. É vento sutil e mar sem beira: o amor é destino de quem está aberto, e dói sem remissão quando negado. O melhor amor sacia a fome inteira: mas tem de ser aceito, tem de ser ousado, tem de ser navegado." (Lya Luft - do livro: Para Não Dizer Adeus)


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